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sábado, 8 de junho de 2013

A seca e o leite de cabra no Sertão


As fotos

Nestas fotografias podemos observar uma casa de agricultor com caprinos, os animais no aprisco, a ordenha de uma cabra, animal bebendo água, animais consumindo mandacaru queimado, um agricultor transportando mandacaru para os animais e uma área de caatinga com as folhas maduras ao chão.  As fotografias foram obtidas em comunidades do Sertão de Pernambuco no município de Petrolina.







Os fatos


O Nordeste brasileiro concentra mais de 90% do rebanho brasileiro de caprinos, estimado em mais de 13 milhões de cabeças. No Estado da Bahia encontra-se mais de 3 milhões de cabeças, favorecidas, principalmente pelas dimensões territoriais da região e a diversidade da vegetação, contudo esse rebanho tem sofrido danos severos com a sequência das secas que assolam a região. A seca tem provocado à mortandade de grande parte do rebanho de bovinos, porém, os caprinos de modo geral conseguem suportar  seus efeitos alimentando-se com a pouca produção de forragem da caatinga. Embora as chuvas tenham sido consideradas muito abaixo das médias, a caatinga ainda consegue produzir um pouco de folhas que alimentam os caprinos. Em muitas partes do Sertão, os pequenos criadores de caprinos não tiveram perdas significativas de seus animais pela falta de alimentos. O que mais tem afetado o rebanho de caprinos na região seca é a falta de água para consumo. Muitos agricultores tem vendido parte do rebanho de caprinos para aquisição de água para o consumo. O que chama a atenção no comportamento dos caprinos no período de seca é a sua capacidade de sobrevivência as adversidades da região. Isso pode ser atribuído de modo geral ao fato de que esse rebanho apresente um percentual significativo de animais SRD (Sem Raça Definida), adaptados às intempéries da região e a uma pequena melhoria na genética dos rebanhos com a introdução de algumas raças exóticas. Os caprinos são considerados como a  garantia de renda para as famílias do Sertão durante todo o ano. Os agricultores consomem e vendem os animais, principalmente para o mercado local, onde há uma demanda alta pelo consumo da carne de caprinos. Outra fonte de renda é a venda do esterco para adubação orgânica em áreas de agricultura irrigada. A produção de leite, embora pequena é consumida in natural ou transformada em queijos de coalho artesanais, doces de leite, etc. Embora o leite de cabra seja rico em triptofanos, cálcio, fósforo, vitamina B2, proteína e potássio, seu consumo ainda é pequeno quando comparado com outras regiões produtoras. Uma das vantagens comparativas do leite de cabra da caatinga é a vegetação consumida pelos animais.  Nossas cabras consomem de modo geral as folhas, frutos e tubérculos da caatinga o que garante um leite puro de boa qualidade. Mesmo na seca, quando tudo parece perdido, ainda é possível um agricultor conseguir um pouco de leite de suas cabras no Sertão.

sábado, 1 de junho de 2013

A seca e a oferta de proteína para os animais no Sertão

As fotos

Nestas fotografias podemos observar alguns aspectos da seca no Sertão e plantas da caatinga que servem de alimentos para os animais na seca, como também o crescimento da leucena em diferentes substratos. As fotografias foram obtidas nos municípios de Petrolina.






Os fatos

Entre as alternativas adaptadas e desenvolvidas pelos pesquisadores brasileiros para amenizar os efeitos das secas e a pouca oferta de proteína para os animais nos sertões do Nordeste, uma da que mais se destacou foi o CBL, conhecido também como Banco de Proteínas. Este sistema que têm com base o cultivo de algumas espécies exóticas (Capim buffel e leucena, principalmente) associadas à vegetação natural da caatinga, em muito tem contribuído para melhoria da alimentação dos animais. A ideia central do CBL é que a vegetação da caatinga seja utilizada pelos animais por um maior período com suplementações do capim buffel e da leucena. Com as irregularidades das chuvas em 2012 e 2013, essas estratégias não têm suportado a falta de chuvas e pouco contribuíram para amenizar a fome dos animais. O CBL é bastante eficiente em períodos regulares de chuvas, todavia, em períodos longos de estiagem, o capim buffel e a leucena não sobrevive, como tem sido observado nestes dois anos de seca no Sertão. Há necessidade de encontramos novas espécies de gramíneas e leguminosas que realmente sejam mais adaptadas às condições adversas do Sertão, visto que temos regularidade no período de seca. De modo geral, as variedades de capim buffel e leucena que foram introduzidas no Nordeste dependem de regimes pluviométricos acima de 800 a 1.500 mm, o que não é realidade no Sertão nordestino. Em um trabalho de pesquisa realizado recentemente, foram testados diferentes substratos, com o objetivo de verificar os que proporcionam melhores condições para o desenvolvimento de mudas de leucena. O delineamento experimental utilizado foi em blocos ao acaso com cinco substratos (areia); (solo); (areia + solo); (areia + esterco); e (areia + solo + esterco), sendo as combinações em proporções de 50% de cada material com quatro repetições. O trabalho foi realizado de maio de 2012 a maio de 2013, em temperatura ambiente, na Embrapa Semiárido, em Petrolina, PE. Foram realizadas  avaliações a cada 30 dias até os 360 dias após o plantio da altura das plantas, da produção de fitomassa verde e seca da parte aérea e das raízes. Verificou-se que nos substratos onde houve combinação do solo com a areia e a matéria orgânica, as plantas apresentaram maior desenvolvimento. Como na região semiárida do Nordeste temos uma combinação de solos rasos e pobres em matéria orgânica e pouca chuva, essas espécies podem não ser as mais indicadas para o cultivo.