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domingo, 28 de outubro de 2012

A seca e a floração do imbuzeiro na caatinga


As fotos

Nestas fotografias podemos observar plantas de imbuzeiro com flores e frutos. As fotografias foram obtidas na caatinga do município de Petrolina, PE.





Os fatos

Embora a seca tenha afetado todas as plantas da caatinga este ano, visto que houve pouca chuva, o imbuzeiro ainda não alterou sua fenologia e está com bastante flores e frutos. Por outro lado, essa seca pode trazer reduções significativas na safra, pois, as pancadas de chuvas de setembro e outubro contribuem significativamente para a floração e a fecundação dos frutos do imbuzeiro e ainda não ocorreu nenhuma chuva nestes meses na caatinga. Existe uma crença popular que as chuvas de setembro e outubro são as chuvas da flor do imbuzeiro. Em anos de chuvas regulares, o imbuzeiro perde as folhas logo depois do inverno, e assim evita a transpiração e perda de água. Esse processo ocorre num período, médio de 43 dias, que corresponde ao início do verão, ficando as plantas em estado de dormência vegetativa, contudo seus os xilopódios estão cheios de reservas nutritivas o que garante a sobrevivência da planta e sua floração e frutificação. Na primeira quinzena de agosto a setembro, quando ocorrem as primeiras chuvas de verão, modificam-se a temperatura e a umidade relativa do ar, acelerando o metabolismo da planta com o aparecimento das primeiras flores e folhas. Este ano não houve não precipitação na região a mais de 280 dias e a fenologia do imbuzeiro continua aparentemente normal. Todavia, só após a safra de 2012-2013 é que poderemos avaliar mais precisamente os impactos dessa seca na fenologia reprodutiva do imbuzeiro.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

A floração do mandacaru no Sertão


As fotos

Nestas fotografias, podemos observar a floração e frutificação do mandacaru. As fotografias foram obtidas na caatinga do município de Petrolina, PE.





Os fatos

O mandacaru (Cereus jamacaru P. DC.) é uma das cactáceas da caatinga de grande importância para o bioma. Uma das principais características dessa planta é que os habitantes da região Nordeste associam à floração do mandacaru a chegada das chuvas. Luiz Gonzaga consagrou o mandacaru com o xote das meninas em 1953, onde ele cantava que “mandacaru quando fulora na seca é o sinal que a chuva chega no Sertão...”. As flores do mandacaru apresentam coloração branca e abrem na madrugada quando são polinizadas, principalmente pelos morcegos. Durante o dia a flor começa a murchar e ainda serve de fonte de alimento para muitas abelhas nativas. O fruto do mandacaru é de cor avermelhada é muito apreciado pelos pássaros que consomem a polpa com as sementes e realizam sua dispersão em toda caatinga. Em anos de seca severa como a que está afetando o Sertão do Nordeste neste ano, o mandacaru tem sido severamente cortado pelos agricultores para alimentação dos animais. Com o corte não há floração e frutificação, afetando a dispersão dessa espécie. A floração que hora ocorre é uma grande esperança para os sertanejos, visto que já estamos a mais de 284 dias sem uma chuva.

domingo, 21 de outubro de 2012

A beleza do mico da caatinga nordestina


As fotos

Nestas fotografias, podemos observar o sagui da caatinga. As fotografias foram obtidas na Caatinga do município de Petrolina, PE.





Os fatos

Entre os animais da caatinga, um dos mais populares é o sagui (Callithrix penicillata). Este pequeno primata vive em toda região do semiárido, principalmente nas áreas de caatinga densa. São animais dóceis que se aproximam muito das áreas habitadas em busca de alimentos. Essa espécie é arborícola, insetívora e frugívora. Comem frutas, flores, folhas, insetos e pequenos animais, além das gomas que exsudam de algumas plantas da caatinga. No Sertão o sagui tem diversos nomes: sagui, saguim, sauim,  soim, sonhim, etc. Muitos agricultores capturam os filhotes de sagui e criam como animais de estimação em suas casas. Uma das principais características do sagui é transportar os filhotes nas costas. Os saguis da caatinga tem uma grande importância na dispersão de sementes de muitas plantas da caatinga, visto que se alimentam de frutos sem danificar a semente.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

O dilema dos espinhos do mandacaru no Sertão


As fotos

Nestas fotografias, podemos observar as diversas formas que os agricultores utilizam para retirar os espinhos do mandacaru antes de ofertá-lo aos animais. As fotos foram obtidas nos municípios de Lagoa Grande, PE e Riachão do Jacuípe, BA. 










Os fatos

O mandacaru é uma das últimas alternativas que os pequenos agricultores do Sertão do Nordeste utilizam para salvar seus animais em períodos de seca severa. Embora o mandacaru seja uma das cactáceas mais utilizadas pelos agricultores, os espinhos ainda são problemas para muitos animais. Tradicionalmente os espinhos são queimados antes de o mandacaru ser ofertado para os animais, contudo, muitos agricultores cortam a parte dos espinhos antes de alimentar os animais com o mandacaru. Em algumas comunidades as máquinas forrageiras têm sido utilizadas para triturar o mandacaru. Essa opção embora melhore a textura do mandacaru, ainda deixa a base dos espinhos em condições de causar danos aos animais. Procurando resolver esse problema já foram desenvolvidas várias pesquisas que resultaram na criação de uma máquina para  processamento do mandacaru. Essa máquina consiste em um conjunto de serras semicirculares,  autoajustáveis, para permitir a passagem de caules de mandacaru com diâmetros variados.  A máquina retira os es­pinhos com perda mínima de mas­sa verde. Após a retirada dos espinhos, o mandacaru deve ser processado numa máquina forrageira comum e está pronto para o consumo dos animais. Embora essa alternativa seja boa, seu custo pode inviabilizar sua utilização pelos pequenos agricultores, visto que, são duas máquinas que devem ser compradas.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

A produção e venda de esterco na caatinga


As fotos

Nestas fotografias podemos observar um rebanho de caprinos em um aprisco e a retirada de esterco. As fotografias foram obtidas no município de Petrolina, PE.





Os fatos

Em anos de seca severa como a que esta afetando a região semiárida do Nordeste a venda de esterco é uma das alternativas de renda para os pequenos agricultores. Anualmente, milhares de toneladas de esterco são retiradas dos apriscos na caatinga para áreas de agricultura irrigada. Este procedimento tem contribuído de forma severa para o empobrecimento do solo da região, visto que, para produção do esterco, os animais alimentam-se das plantas da caatinga, assim, o esterco seria uma forma de equilíbrio para o ecossistema da caatinga. Os agricultores até que poderiam utilizar este adubo para melhora a qualidade dos solos de suas propriedades e consequentemente o rendimento de suas lavouras, todavia, o valor do esterco tem sido uma fonte alternativa de renda para muitas famílias da região. Se os agricultores utilizassem de forma regular o esterco nas culturas tradicionais como o milho e feijão, os rendimentos seriam melhores, mesmo nos anos de pouca chuva como 2012. Atualmente o esterco é comercializado por carrinho-de-mão ao preço de R$ 2,80. O peso médio de um carrinho de esterco é de 25 kg, aproximadamente. Algumas famílias que possuem um rebanho de 150 cabeças de caprinos estão vendendo, em média, 50 a 60 carrinhos a cada dois meses. 

O belo choró-boi da caatinga nordestina

 As fotos

Nestas fotografias, podemos observar o choró-boi na caatinga. As fotografias foram obtidas na Caatinga do   município de Petrolina, PE.





Os fatos


Entre as aves que povoam a caatinga nordestina o Choró-boi (Taraba major) é uma das mais belas. Essa espécie é encontrada nas capoeiras, clareiras e bordas da caatinga. É um pássaro que tem como hábito viver pulando entre os cipós e arbustos. No período de seca sua observação é mais fácil em função das cores preto e branco de sua plumagem. O choro-boi não tem canto de destaque, sua atração são as cores chamativas como o branco e preto, além dos olhos vermelhos. O macho do choro-boi destaca-se pela cor preta no dorso e o resto das penas brancas em contraste com a fêmea que tem as penas pretas substituídas pela cor marrom avermelhada. É uma ave dócil que não se assusta com a presença de humanos, porém é presa fácil para os gatos silvestres da caatinga. Quando capturada não resiste por muito tempo. A alimentação básica do choro-boi são os pequenos invertebrados encontrados nos galhos e folhas secas no chão da caatinga.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Crescimento do mandacaru na caatinga


 As fotos

Nestas fotografias, podemos observar o plantio e o corte do mandacaru em uma área de pesquisa. As fotografias foram obtidas no Campo Experimental da Caatinga na Embrapa Semiárido no município de Petrolina, PE.






Os fatos

O mandacaru é uma cactácea de grande importância para a sustentabilidade e conservação da biodiversidade do bioma caatinga. Seus frutos são uma das principais fontes de alimento para pássaros e animais silvestres da caatinga. Essa cactácea ocorre nas áreas mais secas da região semiárida do Nordeste, em solos rasos, encima de rochas e se multiplica regularmente, cobrindo extensas áreas da caatinga.  Sua distribuição ocorre principalmente nos estados do Ceará, Rio Grande do Norte e Bahia. Poucos estudos têm sido realizados em relação ao desenvolvimento dessas cactáceas e principalmente, quanto a sua densidade e utilização pelos agricultores. Neste sentido, foi realizada uma pesquisa com o objetivo de determinar o crescimento do mandacaru (Cereus jamacaru P. DC) em condições de sequeiro na caatinga até os 10 anos. O estudo foi realizado no período de agosto de 2001 a agosto de 2011 em uma área de caatinga na Estação Experimental da Embrapa Semiárido no município de Petrolina, PE. A altura média das plantas no primeiro e no décimo ano foi de 0,52 e 1,94 m, respectivamente. O diâmetro basal e a circunferência do caule ao nível do solo foram de 8,0 e 16,58 cm, respectivamente. Os resultados obtidos foram os seguintes: No primeiro ano a altura das plantas foi de 0,52 cm com uma produção de 3,25 kg de fitomassa verde e 0,54 kg de fitomassa seca. No segundo ano a altura das plantas foi de 0,92 cm com uma produção de 4,51 kg de fitomassa verde e 0,77 kg de fitomassa seca. No terceiro ano a altura das plantas foi de 1,41m com uma produção de 6,22 kg de fitomassa verde e 1,06 kg de fitomassa seca. No quarto ano a altura das plantas foi de 1,47 m com uma produção de 9,18 kg de fitomassa verde e 1,56 kg de fitomassa seca. No quinto ano a altura das plantas foi de 1,54 m com uma produção de 10,17 kg de fitomassa verde e 1,74 kg de fitomassa seca. No sexto ano a altura das plantas foi de 1,59 m com uma produção de 11,25 kg de fitomassa verde e 1,92 kg de fitomassa seca. No sétimo ano a altura das plantas foi de 1,68 m com uma produção de 13,75 kg de fitomassa verde e 2,35 kg de fitomassa seca. No oitavo ano a altura das plantas foi de 1,72 m com uma produção de 15,27 kg de fitomassa verde e 2,62 kg de fitomassa seca. No nono ano a altura das plantas foi de 1,75 m com uma produção de 18,56 kg de fitomassa verde e 3,17 kg de fitomassa seca. No décimo ano a altura das plantas foi de 1,94 m com uma produção de 22,47 kg de fitomassa verde e 3,85 kg de fitomassa seca. Se considerar a produção por hectare no espaçamento de 1 m entre plantas e 1,5 m entre as fileiras teríamos 1.500 plantas/ha que proporcionariam uma produção de 33.705 kg de fitomassa verde e 5.775 kg de fitomassa seca aos 10 anos de crescimento. Com os resultados obtidos podemos inferir que: o  plantio do mandacaru no período de pouca ocorrência de chuvas na região semiárida do Nordeste apresenta bons índices de sobrevivência; O crescimento do mandacaru nos primeiros anos é muito lento; Aos dez anos de crescimento a produção de fitomassa verde e seca do mandacaru pode contribuir como uma boa alternativa para os pequenos agricultores alimentarem seus animais na seca.