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segunda-feira, 28 de maio de 2007

Conservação da polpa de imbu em temperatura ambiente

A foto

Nesta foto podemos observar o armazenamento de polpa de imbu em temperatura ambiente. A fotografia foi obtida na comunidade de Ladeira de Baixo no município de Casa Nova, BA em fevereiro de 2004.

O fato

A safra do imbuzeiro nas comunidades do semi-árido do Nordeste ocorre de modo geral, nos meses de janeiro, fevereiro e março. Todavia, para os agricultores aproveitarem os frutos neste curto período, uma das alternativas é armazenar a polpa de imbu no maior volume possível para processá-la posteriormente. O ideal seria armazenar a polpa sob refrigeração, contudo em muitas comunidades não existe energia elétrica e quando há os agricultores não dispõe de freezer para o armazenamento, como também, este modo elevaria os custos de produção. Assim, buscando-se uma forma alternativa, desenvolvemos várias pesquisas que tinham como objetivo, processar e armazenar a polpa do fruto do imbuzeiro em temperatura ambiente. Tomamos como base alguns trabalhos já feitos por grandes indústrias de processamento de frutas, contudo, nestas indústrias, a polpa armazenada em temperatura ambiente recebe conservante. Como os agricultores extrativistas do fruto do imbuzeiro não estão ainda aptos para a manipulação de alimentos com conservantes, procuramos realizar testes para conservação da polpa pelo maior tempo possível. Os resultados das pesquisas foram satisfatórios e hoje, a maioria das comunidades que processam o fruto do imbuzeiro, já armazenam polpa em temperatura ambiente.

domingo, 27 de maio de 2007

O consórcio das cactáceas com o capim buffel I



A foto

Nesta foto podemos observar uma área de pastagem com capim e mandacaru. A fotografia foi obtida na área de caatinga da Embrapa Semi-Árido em Petrolina, PE em agosto de 2005.

O fato

No período de seca que ocorre na região semi-árida do Nordeste, os agricultores têm muita dificuldade para alimentar seus rebanhos. A principal gramínea utilizada pelos agricultores é o capim buffel, todavia, na seca os teores de proteína são muito baixos em relação às necessidades dos animais. Assim, estamos realizando pesquisas onde fizemos a consorciação do capim buffel com o mandacaru. Embora o crescimento do mandacaru seja um pouco lento comparado com o do capim, aos dois anos, esta cactácea pode contribuir com teores de proteína que atendem as necessidades dos animais na seca. Nas análises foi observado que o mandacaru apresentava os seguintes teores de matéria seca-13,92%; Proteína bruta –7,89%; Fibra bruta-14,56%; FDN – 50,49%; FDA – 42,82%; DIVMS-76,44%.

O crescimento das cactáceas no semi-árido II


A foto

Nesta foto podemos observar o crescimento das cactáceas com um ano de idade. A fotografia foi obtida na Embrapa Semi-árido em Petrolina, PE e outubro de 2004.

O fato

Diversos estudos têm demonstrado a capacidade de sobrevivência das cactáceas às irregularidades climáticas que ocorrem na região semi-árida do Nordeste. Esta capacidade ocorre, principalmente pelo fato destas plantas, desprovida de folhas, apresentarem mecanismos que regulam a perda de água em função da temperatura ambiente. Nas cactáceas, todo seu caule funciona como área de captação de umidade do ar pelos estômatos, o contrário das plantas comuns que só absorvem água pelas folhas ou raízes. Outro fator de grande importância é tamanho do sistema radicular das cactáceas. Em plantas adultas de mandacaru, já encontramos raízes com até 6,57 metros de comprimento horizontal. Assim, as cactáceas conseguem absorver uma maior quantidade de água, mesmo nas áreas de ocorrência de pouca chuva.

O crescimento das cactáceas no semi-árido I



A foto

Nesta foto podemos observar um experimento com objetivo de estudar o desenvolvimento das cactáceas. A fotografia foi obtida na Embrapa Semi-árido em Petrolina, PE e setembro de 2004.

O fato

As cactáceas são encontradas de forma geral nas áreas mais secas do Nordeste semi-árido. Por isso, sua presença foi associada a pouca ocorrência de chuvas e solos degradados. Todavia, em diversas pesquisas que realizamos nos últimos anos com o mandacaru, o xiquexique, o facheiro e a coroa-de-frade, descobrimos que estas plantas respondem muito bem as condições de maior precipitação e a presença de nutrientes no solo, principalmente de matéria orgânica. Em experimentos com diferentes substratos, tais como, areia, solo, areia + solo, areia + esterco, solo + esterco e areia + solo + esterco em proporções iguais, foi obtido maior crescimento neste último, devido a combinação dos substratos. Por outro lado, quando combinamos este substrato com um volume maior de água. O crescimento foi duplicado.

sábado, 19 de maio de 2007

As águas das chuvas no sertão II.


A foto

Nesta foto podemos observar uma lagoa totalmente seca. A fotografia foi obtida na comunidade de Lagoa dos Cavalos no município de Petrolina, PE em outubro de 2005.

O fato

Embora no ano anterior esta lagoa tenha alcançado seu limite máximo com as chuvas de janeiro e fevereiro de 2004, pouca ou nenhuma água restou no ano seguinte. Agora só resta a água salobra obtida pelo velho cata-vento. Esta é uma das realidades do sertão nordestino, um ano chove muito e no outro falta água. Uma realidade que a maioria dos pequenos agricultores da região ainda não conseguiram adaptar-se, visto que, pouco ou quase nada é investido pelos agricultores para o acumulo de água nas propriedades. É evidente que o poder aquisitivo dos agricultores que dependem da agricultura de sequeiro e da criação de animais na caatinga não possibilita um excedente de recursos para obras de captação e retenção de água das chuvas, porém, pode-se fazer um pouco. Não podemos continuar esperando que os políticos venham construir nossas cisternas e nossos barreiros, como sempre.

As águas das chuvas no sertão I



A foto

Nesta foto podemos observar uma lagoa na com muita água no período de chuvas. A fotografia foi obtida na comunidade de Lagoa dos Cavalos no município de Petrolina, PE em fevereiro de 2004.

O fato

No período de janeiro e fevereiro de 2004, as chuvas que caíram no sertão nordestino foram surpreendentemente muito acima do normal. Ficou água acumulada em todo o local que favorecesse a retenção do escoamento da água das chuvas. A média da precipitação da comunidade de Lagoa dos Cavalos nos últimos 5 anos foi de 365,8 mm . Contudo, choveu mais de 750 mm nos meses de janeiro e fevereiro de 2004. Este volume foi suficiente para que neste ano não faltasse água para o consumo humano e animal nas comunidades. Todavia, como as chuvas se concentraram em um período muito curto, não foi bom para agricultura, pois depois de fevereiro não houve mais precipitação significativa e nada resistiu à seca.

sexta-feira, 18 de maio de 2007

Os riachos temporários do semi-árido II



A foto

Nesta foto podemos observar um riacho temporário da região semi-árida do Nordeste no período de seca. A fotografia foi obtida na comunidade de Varginha no município de Petrolina, PE em agosto de 2004.

O fato

Quanta água passou neste riacho no mês de fevereiro deste ano. Agora, a imagem é desoladora, um riacho seco sem esperanças. A água que escoa em um período muito curto, pode ser armazenada em um açude, barreiro ou barragem e no decorre do ano, quando a caatinga estivesse enfrentando a seca, ser utilizada para o consumo humano e dos animais, como também para o cultivo de pequenas hortas nas comunidades da região. Contudo, esta imagem será novamente de esplendor e alegria para os habitantes da comunidade, quando novas chuvas ocorrerem e este riacho voltar a ter vida.

Os riachos temporários do semi-árido I



A foto

Nesta foto podemos observar um riacho temporário da região semi-árida do Nordeste no período de enchente. A fotografia foi obtida na comunidade de Varginha no município de Petrolina, PE em fevereiro de 2004.

O fato

A água que escoa nos riachos e rios temporários do Nordeste no período de chuvas faz uma grande falta para o consumo humano e dos animais nas comunidades da região na época da seca. Na época das chuvas no semi-árido, o volume de água nos riachos e rios temporários é surpreendente. Embora, uma pequena parte fique retida nos açudes e barreiros, muita água escoa para os rios permanentes e destes para o oceano. É um belo espetáculo ver um pequeno rio ou riacho com suas águas correndo na caatinga no período chuvoso.

A cisterna dos sonhos I


A foto

Nesta foto podemos observar uma cisterna sendo utilizada para armazenar água de chuva para duas casas. A fotografia foi obtida na comunidade de Maniçoba no município de Juazeiro, BA em maio de 2007.

O fato

A falta de água para o consumo humano nas comunidades rurais da região semi-árida do Nordeste é um dilema que parece não ter solução. Todavia, nos últimos anos, a construção de cisternas tem contribuído de forma significativa para redução deste problema. Por outro lado, em alguns casos, a cisterna traz mais problemas do que solução como vemos nesta foto. Porque não uma cisterna para cada família? Como será o controle do consumo? Se as famílias não possuem o mesmo número de pessoas, como fica a distribuição da água? Porém, acreditamos que a construção de cisternas para o atendimento de diferentes famílias pode ter sido um critério político para não desagradar ninguém.

quinta-feira, 17 de maio de 2007

A venda de imbu nas ruas


A foto

Nesta foto, podemos observar a venda de frutos do imbuzeiro nas ruas dos centros urbanos. A fotografia foi obtida no centro comercial de Petrolina, PE em fevereiro de 2005.


O fato

A comercialização do fruto do imbuzeiro nos grandes centros urbanos da região semi-árida do Nordeste é um dos principais negócios dos pequenos agricultores e comerciantes ambulantes. Os agricultores transportam os frutos de suas comunidades até as cidades mais próximas e conseguem vender os frutos por um preço de 5 a 8 vezes o valor obtido quando os frutos são vendidos para os atravessadores nas comunidades. Na safra de 2007, o saco de imbu com 60 kg foi vendido por R$ 15,00 nas comunidades de Juazeiro, BA e os agricultores que venderam nas ruas de Juazeiro e Petrolina, PE, obtiveram até R$ 60,00 por saco. Para os vendedores ambulantes, eles compraram o saco de imbu por R$ 25,00 e venderam por 50 a 60 reais.

quarta-feira, 16 de maio de 2007

Desenvolvimento do mamãozinho-de-veado

A foto

Nesta foto, podemos observa o comportamento do mamãozinho-de-veado cultivado em diferentes substratos. A fotografia foi obtida em setembro de 2006.

O fato

O mamãozinho-de-veado (Jacaratia corumbensis O. kuntze) é um arbusto que ocorre em toda região semi-árida do Nordeste. Contudo, seu desenvolvimento apresenta variação em função das condições de solo e água de cada unidade de paisagem. Em um estudo de pesquisa onde utilizamos seis substratos para testar o desenvolvimento do mamãozinho-de-veado, obtivemos resultados significativos para os substratos com maior fertilidade. Os substratos foram os seguintes: 1 (areia lavada na proporção 100%); 2 (solo da caatinga na proporção de 100%); 3 (areia + solo da caatinga na proporção de 50% cada); 4 (areia + esterco de caprinos na proporção de 50% cada); 5 (solo + esterco de caprinos na proporção de 50% cada); 6 (areia + solo + esterco de caprinos na proporção de 33,33% cada).

O mamãozinho-de-veado (Jacaratia corumbensis O. Kuntze)


A foto

Nesta foto, podemos observar uma planta de mamãozinho-de-veado com um grande xilopódio. A fotografia foi obtida na Estação Experimental da Caatinga na Embrapa Semi-Árido em Petrolina, PE em agosto de 2005.

O fato


O mamãozinho-de-veado (Jacaratia corumbensisO. kuntze) é um arbusto que ocorre na região semi-árida do Nordeste, cujos frutos são consumidos pelos animais silvestres e domésticos. O xilopódio ou túbera do mamãozinho é utilizado para a alimentação dos animais na seca e, também na fabricação de doce caseiro pelos agricultores. O nome mamãozinho-de-veado foi colocado pelo fato de que na caatinga, quando maduros, seus frutos são consumidos, principalmente pelo veado caatingueiro. Em um estudo realizado na comunidade de Fazenda Saco (Jaguarari, BA), foram colhidas 10 plantas com altura média de 3,75m. Para o comprimento e diâmetro do xilopódio, a mádia foi de 69,5 55,7 cm, respectivamente. O peso médio dos xilopódios foi de 87,33 kg, com xilopódio pesando até 289,5 kg. Na comunidade de Barracão (Jaguarari) a altura média das 15 plantas colhidas foi de 4,425m, com média de 60,11 e 30,29 cm para o comprimento e diâmetro do xilopódio, respectivamente. O peso médio dos xilopódio nessa comunidade foi de 87 kg, com xilopódios pesando até 249,5 kg.

segunda-feira, 14 de maio de 2007

As cisternas com área de captação no solo

A foto

Nesta foto podemos observar duas agricultoras coletando água em uma cisterna com área de captação no solo. A fotografia foi obtida na comunidade de Alto do Angico no município de Petrolina, PE em novembro de 2004.

O fato

As cisternas com área de captação no solo são alternativas para solução do problema de limitação dos telhados da maioria das residências do semi-árido nordestino. Neste sistema, o tamanho da área de captação será em função do volume do taque de armazenamento da cisterna. Normalmente, a área de captação é construída com areia, seixo rolado e lona plástica, podendo também ser uma área cimentada. A área de captação é cercada para evitar entrada de animais, cujas fezes podem contaminar a água. Todavia, há um filtro de carvão e areia para retirar partes das impurezas da água. Entretanto, a água deste tipo de cisterna dever ser filtrada e tratada com cloro antes do consumo pelas pessoas.


A água dos caldeirões



A foto

Nesta foto podemos observar um agricultor coletando água em um caldeirão. A fotografia foi obtida na comunidade de Ladeira de Cima no município de Casa Nova, BA em setembro de 2003.

O fato

Os caldeirões são depressões existentes em aglomerados de rochas que ocorrem com muita freqüência na região semi-árida do Nordeste. Normalmente, o caldeirão é um buraco em pedras que pode ser pequeno ou muito grande. Em alguns pode ser encontrado até 10 m³ de água. A vantagem dos caldeirões é que a água não possui muito sedimento, pois a mesma é coletada nas áreas adjacentes das pedras. Esta água é armazenada e sua perda só ocorre por evaporação. Para diminuir a evaporação os agricultores cobrem a entrada do caldeirão com madeira. De modo geral, os caldeirões não secam. Em algumas comunidades os caldeirões são utilizados para armazenamento de água dos carros-pipa e todos os habitantes têm acesso à água.

sexta-feira, 11 de maio de 2007

O que vale mais, a casa ou a cisterna?



A foto

Nesta foto, podemos observar uma pequena casa na caatinga com uma cisterna. Esta fotografia foi obtida na comunidade de Fazenda Baltazar, município de Petrolina, PE em agosto de 2003.

O fato

A pequena casa deste agricultor foi construída com muito esforço e carinho. Embora tão pequena diante da cisterna que foi construída ao lado, seu valor é incalculável. Gastaram-se mais recursos na construção da cisterna do que na casa. A cisterna foi construída com dinheiro do governo estadual, embora nunca consiga encher, pois o tamanho da área de captação do telhado desta casa não é suficiente para captar os 16 m³ de água. Más talvez um dia este agricultor consiga recursos para ampliar sua pequena casa e realizar um sonho, encher sua cisterna.

A casa dos sonhos na caatinga II


A foto

Nesta foto, podemos observar uma casa na caatinga em um estágio mais avançado. Esta fotografia foi obtida na comunidade de Fazenda Brandão, município de Curaçá, BA em julho de 2004.

O fato

Podemos ver que esta casa é bem mais completa que aquela mostrada na figura da casa dos sonhos I, ela já é de alvenaria, rebocada e para completar o sonho, tem uma cisterna. Contudo ainda falta energia, mesmo assim, o agricultor ver televisão utilizando uma bateria de veículo. Esta casa é uma etapa bem avançado do agricultor da caatinga, pois este utilizou partes dos recursos obtido na roça para melhorar suas condições de moradia.


A casa dos sonhos na caatinga I




A foto

Nesta foto, podemos observar uma pequena casa na caatinga. Esta fotografia foi obtida na comunidade de Volta da Carolina no distrito de Uruais, município de Petrolina, PE em maio de 2005.

O fato

Na caatinga os pequenos agricultores constroem suas casas com os recursos disponíveis em cada época. Tradicionalmente, eles utilizam barro para o reboco e varas para sustentação. Essa é a famosa casa de Taipa, aquela onde a maior parte do material foi obtido no local da construção. Esta casa foi construída para um filho do casal que estava para casar com uma moça da comunidade. Quando os agricultores conseguem mais recursos, eles reformam as casas com tijolo e argamassa, dando aparência de uma casa de centro urbano. Pode-se observar que foi colocado um ponto para energia elétrica, contudo esta este sonho é mais difícil de ser realizado.

quarta-feira, 9 de maio de 2007

Na colheita do fruto do imbuzeiro

A foto

Nesta foto, podemos observar uma senhora colhendo frutos do imbuzeiro. A fotografia foi obtida na comunidade de Lagoa do Imbu no município de Jaguarari, BA em janeiro de 2004.

O fato

No período de janeiro a março quando ocorre a safra do imbuzeiro no Nordeste semi-árido, a maioria dos pequenos agricultores dedica parte de seu tempo a esta atividade. Os agricultores vão para o campo no início da manhã e colhem frutos até o meio dia, quando levam para margens das estradas e vende para os compradores de imbu. Podemos ver nesta fotografia que esta senhora levou uma criança pequena para colheita. Com certeza, ela não tinha com quem deixar sua filha e a levou para a caatinga. Quando as crianças são maiores, normalmente elas ajudam os pais na colheita do fruto do imbuzeiro. Todavia, esta atividade só é realizada no período que as crianças não tem aulas

Que tipo de água estamos bebendo?


A foto

Nesta foto, podemos observar dois carros-pipa coletando água em uma barragem. A fotografia foi obtida no distrito de Salinas, município de Petrolina, PE em agosto de 2006.

O fato

No período de seca que assola o Nordeste semi-árido, a maioria dos pequenos agricultores utiliza água para o consumo e seus afazeres provenientes de carros-pipa. Todavia, a origem desta água é incerta. Os carros-pipa coletam água na fonte mais próxima e levam para os agricultores. De modo geral, a água é coletada em açudes, barragens, barreiros e poços. Nestas fontes, praticamente não existe nenhum controle de qualidade da água. A água dos barreiros, barragens e açudes também é utilizada para o consumo direto dos animais, lavagem de roupas, irrigação, etc, que contribuem para sua contaminação e podem transmitir diversas doenças veiculadas pela água para os agricultores.

O transporte de água para beber no sertão do Nordeste


A foto

Nesta foto, podemos observar um agricultor transportando água para consumo humano em um tambor reutilizável. A fotografia foi obtida na comunidade de Sítio Budim no município de Petrolina, PE em agosto de 2003.

O fato

No Nordeste semi-árido, a maioria dos pequenos agricultores utiliza tambores e bombonas de plástico para o transporte e armazenamento de água para o consumo. Esta prática ocorre, principalmente em função da praticidade destes recipientes de da falta de recursos pelos agricultores para aquisição de depósitos adequados para o transporte e armazenamento de água. A preocupação é que na maioria das vezes estes recipientes foram utilizados para o armazenamento e transporte de produtos que deixam resíduos de difícil remoção e podem contamina a água. Como poderia ser resolvido um problema deste tipo! Com a fabricação de recipientes específicos para o transporte e o armazenamento de água para consumo. Todavia, a preços compatíveis com a realidade do homem da caatinga. Se eles compram estes recipientes reutilizáveis, eles também poderiam comprar recipientes novos próprios para água.

O desperdício de água no Nordeste


A foto
Nesta foto, podemos observar uma barragem no rio Pajeú, transbordando no momento de cheia. A fotografia foi obtida no município de Serra Talhada, PE em fevereiro de 2007.

O fato

Porque desperdiçamos tanto água no Nordeste Semi-árido, são inúmeros rios e riachos permanentes e temporários que no período de chuvas jogam uma imensurável quantidade de água no oceano. Porque não fazemos a transposição de toda esta água para outros rios, riachos, barragens e açudes. Será que não precisamos de água. Se precisarmos porque deixamos toda essa água ir para o mar. O rio Pajeú é apenas um exemplo do nosso grande desperdício de água doce que poderia ser mais aproveitada para os longos meses de seca que assolam a região.

segunda-feira, 7 de maio de 2007

A coleta de água em barreiros


A foto

Nesta foto, podemos observar uma agricultora transportando uma lata de água coletada em um barreiro. A fotografia foi obtida em dezembro de 2005 na comunidade de Alto do Angico no município de Petrolina, PE.

O fato

O deslocamento para coleta de água pelos agricultores na caatinga no período de seca é muito cansativo, principalmente para os agricultores de terceira idade. Quando as cisternas secam, não resta alternativa, ou se compra água de carro-pipa, ou coleta em açudes e barreiros que em sua maioria ficam distante das residências. Estas dificuldades contribuem de forma negativa para a qualidade de vida da maior parte dos pequenos agricultores do sertão nordestino. O transporte de água em latas na cabeça, ainda é uma das formas mais tradicionais no interior da região semi-árida.

Água para consumo humano e dos animais

A foto

Nesta foto, podemos observar um rebanho de ovinos consumindo água em um açude. A fotografia foi obtida em dezembro de 2005 em uma comunidade do município de Dormentes, PE.

O fato

Na época de seca na caatinga, a água disponível nos pequenos açudes e barreiros da região é utilizada pelos pequenos agricultores para consumo humano e seus afazeres domésticos, como também para o consumo dos animais. Na maior parte das comunidades a água disponível nos açudes e pequenos barreiros contêm muito sedimentos e torna-se um verdadeiro mar de lama. Mesmo assim, na ausência de outra fonte os agricultores têm que coletar e aproveitar no máximo estas águas, ficando sujeitos as contaminação por doenças veiculadas pela água. O pior de tudo é que estas fontes também são as únicas opções para os animais que invadem os açudes e barreiros e contaminam mais as águas.

Em busca de água para beber

A foto

Nesta foto, podemos observar um agricultor e seu filho com um carro de boi dentro de um pequeno açude coletando água para consumo. A fotografia foi obtida em dezembro de 2003 em uma comunidade do município de Arcoverde, PE.

O fato

Para saciar a sede, homens e animais buscam água nas mais diferentes fontes. Na maioria, totalmente impróprias para o consumo humano e animal. No período de agosto a dezembro de 2003, a seca que assolou grande parte dos municípios nordestinos, principalmente do agreste e sertão, levou os agricultores a enfrentarem muita dificuldade para obtenção de água, tanto para o consumo humano, quanto para o consumo de seus animais domésticos. Nesta comunidade de Arcoverde, não havia mais alternativa para os agricultores, assim estes estavam coletando água neste açude em condições muito adversas. Podemos observar na fotografia que a cor da água é amarelo-claro, devido à alta concentração de sedimentos de argila, popularmente chamado de lama. Assim, pode-se dizer que os agricultores estavam coletando lama e correndo grande risco de contaminação por doenças veiculadas pela água, principalmente a cólera.

domingo, 6 de maio de 2007

As trovoadas na caatinga

A foto

Nesta foto, podemos observar a ocorrência das primeiras chuvas na caatinga. A fotografia foi obtida no município de Petrolina, PE em 27 de outubro de 2004.

O fato


No sertão nordestino as primeiras chuvas conhecidas como trovoadas, geralmente, ocorrem nos meses de outubro, novembro e dezembro. Contudo, são chuvas esparsas e com muita irregularidade no volume de precipitação. Essas trovoadas embora não sejam próprias para o início do período de plantio, proporciona o acúmulo de muita água nos barreiros, açudes e riachos, além de contribuir também para renovação da vegetação da caatinga que reaparece vigorosa após um longo período de seca.

Cadê a água do barreiro?

Cadê a água do barreiro?

A foto

Nesta foto, podemos observar um barreiro no mês de fevereiro sem água. A fotografia foi obtida na comunidade de Alto do Angico no município de Petrolina, PE em 8 de fevereiro de 2006.


O fato

Na região semi-árida do Nordeste o início do período de ocorrência das primeiras chuvas é nos meses de novembro e dezembro. Geralmente, nestes meses ocorrem as trovoadas, que são chuvas esparsas e irregulares. Todavia, onde cai à chuva, a água que se acumula nos barreiros, açudes e riachos, renova a esperança dos sertanejos e quebra o ciclo de escassez de água e alimentos para os animais. Para a agricultura, as chuvas caem nos meses de fevereiro, março e abril. Nesta fotografia podemos observar que no dia 8 de fevereiro de 2006 as maiorias dos barreiros ainda estavam sem água. Neste ano, as chuvas foram bastante irregulares causando problemas para os pequenos agricultores que tiveram muita dificuldade para obter água e alimentos para os animais.

Alternativa para captação de água da chuva

A foto

Nesta foto, podemos observar uma cisterna com área de captação em uma lona de plástico. A fotografia foi obtida na comunidade de Barreiros no município de Petrolina, PE em janeiro de 2005.

O fato

A captação e o armazenamento de água de chuva na região semi-árida do Nordeste tem sido um fator de limitação para muitos agricultores. Estas limitações são principalmente de ordem financeira, pois a maioria dos pequenos agricultores não dispõe de recursos para construção ou reparação do telhado de suas residências ou para construção de cisternas. Assim, facilmente encontramos diversas formas utilizadas pelos agricultores para captar e armazenar água de chuva. Na fotografia podemos ver uma cisterna com sua área de captação em uma lona plástica. Embora, o custo do plástico adequado para este fim seja muito alto, os agricultores podem adquirir lonas plásticas mais baratas e reutilizadas depois do período chuvoso para outra atividade. A vantagem desta cobertura é o aproveitamento máximo da água que cai sobre a mesma.

sábado, 5 de maio de 2007

Uma casa ou uma cisterna?




A foto



Nesta foto podemos observar uma residência na caatinga com um buraco aberto para construção de uma cisterna. A fotografia foi obtida na comunidade de Fazenda Baltazar no município de Petrolina, PE em setembro de 2003.



O fato




A construção de cisternas nas comunidades da região semi-árida do Nordeste tem contribuindo de forma significativa para resolver em partes o problema da falta de água na região. Contudo, muitas famílias ainda esperam pelas cisternas, visto que em algumas comunidades a determinação de que tem direito a cisterna ainda é política e para muitos o sonho do aproveitamento e armazenamento da água da chuva continua um sonho distante. De modo geral, os agricultores preparam o local da construção, abrindo o buraco da cisterna e ficam esperando a boa vontade dos políticos dos municípios. Nesta residência, este buraco já estava com dois anos aberto. Pelo que se pode observar as condições desta residência não vão contribuir para o aproveitamento máximo da água da chuva. Esta família necessita de uma casa ou de uma cisterna?

Água e cisterna na caatinga


A foto


Nesta foto podemos observar uma residência na caatinga no momento de uma chuva. Pode-se observar que o tubo de conexão do telhado com a cisterna esta faltando uma parte e toda água sendo desperdiçada, enquanto o agricultor olha da janela. A fotografia foi obtida na comunidade de Varginha no município de Petrolina, PE em janeiro de 2004.

O fato


O problema da falta de água na região semi-árida do Nordeste é muito explorado como uma grande calamidade, todavia, existem muitas razões que estão fora do foco das discussões que é o comportamento do homem da caatinga. Sabemos que embora as chuvas que caem na região sejam poucas, normalmente a quantidade de água é significativa se aproveitada em sua totalidade. Buscando soluções para este problema, muitas alternativas tem sido implementadas com destaque para a construção de cisternas rurais. Porém, sem uma conscientização das pessoas que vão usufruir destas cisternas, elas não resolveram o problema da falta de água no Sertão. Cisternas mal dimensionadas, telhados com problemas na cobertura, residências com telhados pequenos e a falta de disposição de muitos agricultores, tem contribuído para a falta de água no período de estiagem que tanto afeta os agricultores do sertão nordestino.

O facheiro na caatinga


As fotos


Nestas fotografias podemos observar uma área de caatinga com predominância do facheiro. A fotografia foi obtida na caatinga do município de Petrolina, PE.







Os fatos


O facheiro é da Família das Cactaceaes, do Gênero: Pilosocereus e da Espécie: Pilosocereus pachycladus. É uma planta arbustiva de ampla distribuição em toda região semi-árida do Nordeste. Seu porte apresenta variação de 1,5 a 6,72 m de altura, com copa medindo de 1,3 a 4,8 m de diâmetro. Seus frutos são bagas arredondadas e achatadas de cor vermelho-escuro com 4,5 a 6,3 cm de comprimento, pesando entre 24 a 63g. Os frutos do facheiro são bastante consumidos por animais silvestres, principalmente pelos pássaros. O facheiro desenvolve-se bem em áreas de solos degradados e de ocorrência de poucas chuvas. Pode ser uma alternativa para o aproveitamento como espécie de repovoamento de áreas degradadas. A fitomassa verde do facheiro é muito consumida pelos animais na época de seca.

O xiquexique na caatinga

A foto

Nesta foto podemos observar uma área de caatinga com predominância do xiquexique. A fotografia foi obtida na caatinga do município de Petrolina, PE em agosto de 2002.

O fato


O xiquexique é da Família das Cactaceaes, do Gênero: Pilosocereus e da Espécie: Pilosocereus gounellei. É uma planta arbustiva de ampla distribuição em toda região semi-árida do Nordeste. Seu porte apresenta variação de 2,5 a 3,7 m de altura, com copa medindo de 1,5 a 4,5 m. Os frutos são bagas arredondadas, achatadas vermelho-escuro com 5 a 6 cm de comprimento e 6 a 6,5 cm de diâmetro com 25,3 a 97,4 g. Os frutos do xiquexique são bastante consumidos por animais silvestres, principalmente os pássaros. Esta planta tem apresentado um bom desenvolvimento em áreas de solos degradados e de irregularidades na distribuição das chuvas. Assim, pode-se considerar que o xiquexique, como outras cactáceas do semi-árido é uma opção para o repovoamento de áreas onde não mais é possível o cultivo de lavouras tradicionais como milho, feijão, etc. Contudo, o xiquexique ainda possibilita seu aproveitamento na alimentação dos rebanhos e na culinária com alguns doces e geléias.

sexta-feira, 4 de maio de 2007

O corte e queima do mandacaru para alimentação dos caprinos na caatinga


A foto


Nesta foto, podemos observar os agricultores cortando e queimando mandacaru para alimentação dos animais na seca. A fotografia foi obtida no mês de agosto de 2003 na comunidade de Alto do Angico no município de Petrolina, PE.


O fato

O mandacaru é uma das plantas da caatinga nordestina de maior utilização pelos agricultores na seca como suplementação alimentar dos animais. No período de seca que ocorre, geralmente nos meses de agosto a janeiro, os pequenos agricultores que tem rebanhos de caprinos e ovinos, cortam o mandacaru, queimam os espinhos e ofertam para os animais. Segundo dados de experimentos realizados em algumas comunidades da Bahia e Pernambuco, os animais que recebem suplementação de mandacaru, conseguem superar o período de seca e em alguns casos, ainda aumentam um pouco de peso. Todavia, os animais que buscam alimentos apenas na caatinga, perdem até 25% do peso e muitos morrem. O mandacaru (Cereus jamacaru P. DC.), pertence a Família: Cactaceae; Gênero: Cereus; Espécie: Cereus jamacaru P. DC. É uma planta arbustiva, ampla distribuição. Porte variando de 2,5 a 12,0 m de altura, copa medindo de 3,5 a 6,5 m de diâmetro. Os frutos são bagas vermelho-vivo com 5 a 15 cm de comprimento e 25 a 37 g. Sua composição é de: Matéria seca (13,92%); Proteína bruta (7,89%); Fibra bruta (14,56%); FDN (50,49%); FDA (42,82%); e DIVMS (76,44%).

O consumo da coroa-de-frade pelos caprinos na caatinga


A foto



Nesta foto, podemos observar um agricultor ofertando coroa-de-frade para os caprinos. A fotografia foi obtida no mês de agosto de 2003 na comunidade de Alto do Angico no município de Petrolina, PE.


O fato



No período de seca que ocorre na região semi-árida do Nordeste, os pequenos agricultores enfrentam muitas dificuldades para alimentar seus rebanhos. Em anos de chuvas irregulares, já no mês de agosto os animais não encontram mais comida suficiente para sua sustentação na caatinga. Para agravar esta situação, a falta de água é outro fator de preocupação para os pequenos criadores. Contudo, algumas plantas da caatinga, com destaque para o mandacaru, a coroa-de-frade, o facheiro e o xiquexique, entre outras, são utilizadas de forma regular na suplementação dos animais. A coroa-de-frade (Melocactus bahiensis Britton & Rose), pertence a Família: Cactaceae; Gênero: Melocactus. Espécie: Melocactus bahiensis. É uma planta de caule globoso, cônico de ampla distribuição no semi-árido é muito utilizada pelos agricultores. Porte variando de 5,7 a 26,57 cm de altura e diâmetro de 12,5 a 24,5 cm. Frutos são bagas vermelho-claro com 1,6 a 2,5 cm de comprimento e 0,5 a 0,8 cm de diâmetro com peso de 0,52 a 1,23 g. Esta cactácea contém bastante água e uma porção significativa de proteína que contribui na alimentação dos animais. Sua composição é de matéria seca (12,41%); proteína bruta (7,69%); fibra bruta (27,23%); FDN (51,27%); FDA (38,59%); e DIVMS (78,42%).

quarta-feira, 2 de maio de 2007

A sobra do mandacaru consumido pelos animais


A foto



Nesta foto, podemos observar o que sobra do mandacaru após o consumo pelos animais. A foto foi obtida na Comunidade de Alto do Angico no município de Petrolina, PE em outubro de 2004.

O fato



O mandacaru é cortado pelos agricultores e queimado para retirada dos espinhos. Após este procedimento é ofertado livremente aos animais. Os animais consomem a parte tenra do mandacaru deixando como sobra a parte lenhosa. Quando a planta é nova, o consumo é bem maior, todavia, em plantas mais velhas, onde o caule é mais fibroso, há uma sobra considerável do mandacaru. Alguns agricultores que dispõem de máquina forrageira, trituram o mandacaru e aproveitam totalmente. Contudo, a melhor forma de evitar os espinhos é a queima ou sua retirada com faca, pois, mesmo triturado, os espinhos podem causar danos aos animais. Em nossas observações, registramos alguns acidentes com animais que consumiram mandacaru triturado sem a retirada ou queima dos espinhos.

A retirada dos espinhos do mandacaru


A foto


Nesta foto, podemos observar um agricultor cortando os espinhos do mandacaru para ser ofertado aos bovinos. A foto foi obtida no município de Riachão do Jacuípe, Bahia em outubro de 2005.


O fato



Tradicionalmente, o mandacaru é queimado para retirada dos espinhos antes de ser ofertado aos animais. A prática da queima do mandacaru é secular na região seca do semi-árido nordestino, contudo a queima tem causado diversos transtornos, tanto para os agricultores, quanto para os animais. Em algumas comunidades do sertão baiano, os agricultores desenvolveram uma técnica de retirar os espinhos do mandacaru sem a queima. Eles utilizam uma faca e cortam de forma superficial a camada dos espinhos. Desta forma, o aproveitamento do mandacaru poder ser feito mais racionalmente e sem danos para os homens e animais.

As ameaças de extinção do mandacaru


As fotos



Nestas fotografias, podemos observar o corte do mandacaru para alimentar os animais na seca. As fotos foram obtidas no município de Petrolina, PE.






Os fatos


Embora o mandacaru seja uma das cactáceas mais utilizadas pelos agricultores para alimentação de seus rebanhos em períodos de seca, esta planta não apresenta condições de sustentação para grandes animais, tipo bovino. O mandacaru é uma alternativa utilizada para suplementação de pequenos rebanhos de caprinos e ovinos na caatinga seca, animais com pouca exigência alimentar que consome um volume bem menor do que um bovino de 150 a 200 kg de peso vivo. A utilização do mandacaru para este fim, pode contribuir de forma positiva para sua extinção. No município de Riachão do Jacuípe, observamos em levantamentos realizados no período de 1996 a 2006 que a densidade do mandacaru foi reduzida em mais de 75%. No período de observação, não foi registrada nenhuma atividade de plantio do mandacaru por parte dos agricultores, contudo, observou-se um ligeiro aumento nos rebanhos, principalmente de bovinos. Como alguns agricultores utilizam máquinas forrageiras para trituração do mandacaru, cada dia mais, esta cactácea esta diminuindo na região.